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Brasil só terá saneamento básico em todas as cidades em 2070, alerta instituto

Quatro anos após aprovação do marco legal, setor ainda precisa de R$ 509 bilhões para alcançar objetivos

Brasil só terá saneamento básico em todas as cidades em 2070, alerta instituto
Brasil só terá saneamento básico em todas as cidades em 2070, alerta instituto (Foto: Reprodução)

Se continuar no ritmo atual, o Brasil só deve atingir a universalização dos serviços de esgoto em 2070. A projeção mostra um atraso de 37 anos em relação à meta definida pelo Marco Legal do Saneamento Básico, de ter fornecimento para toda a população em 2033. A informação consta de relatório produzido pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, divulgado nesta segunda-feira (15).


O estudo “Avanços do Novo Marco Legal do Saneamento Básico no Brasil de 2024″ indica, ainda, que até 2022, apenas 56% dos brasileiros eram plenamente atendidos pela rede de esgoto. Outros indicadores importantes mostram que naquele ano 84,92% das pessoas eram totalmente atendidas pelos serviços de água e 52,23%, pelo tratamento de esgoto.


Os dados levantados expõem um crescimento baixo dos índices desde 2018. Naquele ano, o índice de atendimento total de água era de 83,62%, o de atendimento de esgoto chegava a 53,15% e o de tratamento de esgoto estava em 46,25%.


Frente a isso, o relatório também destaca uma maior necessidade de investimento em saneamento básico. São necessários R$ 509 bilhões em investimentos para que o país alcance os objetivos. Entretanto, esse valor representa uma aplicação anual de R$ 46,3 bilhões no setor. É mais que o dobro da média de recursos utilizadas nos últimos cinco anos, de aproximadamente R$ 20,9 bilhões.


“Ainda quase 10 milhões de habitantes vivem em municípios com contratos irregulares, expostos a uma realidade precária de saneamento que impacta sua saúde e afeta suas atividades laborais, seja de estudo, produtividade no trabalho ou até mesmo na sua renda”, diz a presidente-executiva do Trata Brasil, Luana Pretto.


“Com a necessidade de investimentos anuais de R$ 46 bilhões, a priorização do tema na agenda pública e a elaboração de mais projetos na infraestrutura serão pontos crucias para que a universalização de fato seja factível até 2033”, completa.


Contratos irregulares


O Novo Marco Legal do Saneamento Básico definiu que as entidades reguladoras municipais, intermunicipais e estaduais de saneamento básico devem comprovar regularmente a capacidade econômico-financeira dos prestadores dos serviços de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário.


Segundo o levantamento do Trata Brasil, os contratos de 579 municípios estão em situação irregular para a prestação de serviços básicos, a maioria delas localizada no Norte e Nordeste do país. De acordo com a pesquisa, essas cidades apresentaram índices de saneamento básico piores do que a média nacional e que os municípios regulares.


“Quase 10 milhões de pessoas vivem nessas localidades e são exatamente esses locais que enfrentam maiores gargalos em atingir as metas propostas pelo Novo Marco”, destaca o relatório.


“Como resultado, apenas 68,88% dos habitantes têm acesso à água e somente 26,61% são atendidos com coleta de esgoto, enquanto 29,88% do esgoto gerado é tratado. Além disso, esses locais perdem 47,33% da água potável nos sistemas de distribuição. Para efeito de comparação, os municípios em situação regular investiram quase R$ 90 a mais por habitante, resultando em um investimento mais de três vezes equivalente ao dos municípios com contratos irregulares.”


O Trata Brasil diz que o país precisaria de um investimento médio superior a R$ 230 por habitante para cumprir com as metas do Novo Marco Legal do Saneamento. O instituto alerta, no entanto, que nos municípios irregulares o investimento é de apenas R$ 27,39 per capita.


Portal Correio

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