Se for o escolhido, primeiro desafio de Cartaxo será voltar a ser enxergado por petistas como nome de esquerda
Se for o escolhido, primeiro desafio de Cartaxo será voltar a ser enxergado por petistas como nome de esquerda
A saída de Luciano Cartaxo do PT para disputar a reeleição, em 2016, foi deletéria para a imagem de esquerda do ex-prefeito e hoje deputado estadual. Ele retornou ao partido para a disputa das eleições de 2022, mas segundo o apurado pelo blog, continua sendo visto com desconfiança por grande parte dos membros da sigla do presidente Lula. Conta para isso a forma ruidosa e o discurso duro adotado durante a debandada do partido, na época, para o PSD, com críticas contra os petistas por causa dos escândalos de corrupção revelados pela hoje finada operação Lava Jato.
De lá para cá, com ondas de afluxo e refluxo, houve boa relação com lideranças da esquerda à extrema-direita e o retorno ao PT surgia como movimento de distensionamento com os antigos colegas. Deu certo, em parte. Ele conseguiu ser eleito para a Assembleia Legislativa e caminha para ter o nome confirmado como candidato do PT à prefeitura de João Pessoa. A direção nacional do partido decidiu que o critério para a escolha do nome, na capital, será uma pesquisa de opinião pública. Isso praticamente liquida as chances da deputada estadual Cida Ramos. Mas ainda faltará a Cartaxo vencer a desconfiança.
Cida e Cartaxo têm traços que os aproximam e outros que os distanciam. Ambos deixaram o PT no passado e retornaram ao partido mais recentemente. Só que o segundo tem melhor avaliação fora do partido que dentro. No processo de escolha interna, o nome de Cida seria imbatível. Ela é enxergada como representante de esquerda. Já Cartaxo, aos olhos de muitos militantes do partido, afastou-se desta classificação e é visto como um político mais ligado à direita. Mas quando a consulta é feita fora da agremiação, a tendência é de reversão deste quadro.
Valeu para isso o movimento feito pelo ex-governador Ricardo Coutinho e pelo deputado federal Luiz Couto, em Brasília. Eles conseguiram convencer a direção nacional da maior capilaridade de Cartaxo e da necessidade de candidatura própria em João Pessoa. Mas não há como se falar em caminhada tranquila, até porque a legenda perdeu o timing para anunciar a pré-candidatura e, com isso, as condições de formação de uma chapa competitiva. Restará um trabalho muito árduo para os candidatos proporcionais. Dificuldades existem também em relação ao PV e ao PCdoB, que aderiram à campanha do prefeito Cícero Lucena (PP).
Por tudo isso, o primeiro passo para Cartaxo, caso seja escolhido pelo partido para a disputa, não será ganhar as ruas. Ele precisará, antes, ganhar a confiança da militância do PT. A partir daí, é se lançar na busca por votos.
Suetoni Souto Maior
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